Diplomacia Guineense: Entre a Abertura ao Mundo e o Fecho Institucional
🔍 Reflexão sobre o papel da Guiné-Bissau no cenário internacional
A Guiné-Bissau encontra-se num ponto de inflexão diplomática. Por um lado, manifesta sinais claros de abertura ao mundo — participações em fóruns internacionais, alianças regionais, presença em cimeiras multilaterais, e o reforço das relações bilaterais com países estratégicos. Essa aproximação reflete uma vontade política de integrar-se ativamente no concerto das nações, defender interesses nacionais e reposicionar-se como um ator relevante na sub-região da África Ocidental.
Por outro lado, essa abertura contrasta com a fragilidade institucional interna. As sucessivas crises políticas, a instabilidade governativa e os bloqueios institucionais revelam um fecho para dentro, um entrave à consistência das políticas externas e à credibilidade do Estado no exterior. Quando as instituições são fracas, os compromissos assumidos no plano internacional ficam vulneráveis à mudança repentina de prioridades políticas internas.
Neste paradoxo, a diplomacia guineense caminha num fio estreito: entre o desejo de projeção internacional e os limites impostos por estruturas frágeis e muitas vezes capturadas por interesses pessoais ou partidários.
A pergunta que se impõe é: pode um país abrir-se ao mundo com as portas fechadas por dentro?
A resposta exige coragem política, reforma institucional e sobretudo uma visão clara de que a diplomacia começa em casa — com estabilidade, respeito pelas leis e valorização dos quadros nacionais.
Se a Guiné-Bissau quiser realmente ocupar um lugar digno no cenário internacional, terá de reconciliar essa dicotomia: não basta abrir-se ao mundo, é preciso também abrir as instituições à democracia, à transparência e ao povo.
— Miguel Vicente Datchuplam
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