CRÓNICA DESPORTIVA

Djurtus: Entre o Fracasso e a Desorganização
Os Djurtus, nome que enche de orgulho qualquer guineense ao evocar a bravura da nossa seleção nacional de futebol, atravessam uma fase conturbada. Entre o entusiasmo do povo e as realidades cruas dos bastidores, fica evidente: a nossa seleção está presa entre o fracasso desportivo e a desorganização institucional.
O Fracasso que Vai Além do Campo
Não se trata apenas de derrotas em campo. Perder é parte do jogo, mas quando as derrotas se tornam rotina e refletem falta de estratégia, má preparação e visível desmotivação dos jogadores, é preciso ir além das desculpas habituais. O talento individual existe – e não é pouco. Temos jogadores espalhados por clubes internacionais, com qualidade e vontade. Mas talento sem estrutura é como um leão acorrentado: forte, mas inofensivo.
A Desorganização como Padrão
A ausência de um plano sério de desenvolvimento do futebol nacional é gritante. Faltam campos, equipamentos, apoio logístico, salários pagos a tempo e políticas desportivas coerentes. As federações mudam, mas os vícios permanecem: má gestão, conflitos internos, interesses políticos acima do desporto.
Como se pode pedir resultados a uma equipa que muitas vezes não sabe onde vai treinar, quando recebe o prémio de jogo ou se o treinador será o mesmo amanhã? O caos organizacional é o verdadeiro adversário em campo.
E o Povo?
Apesar de tudo, o povo continua fiel. Vibra, apoia, acredita. Mas essa paixão está a ser traída por quem tem o dever de cuidar do futebol nacional. A camisola da Guiné-Bissau merece ser respeitada, não usada como trampolim político ou palco de incompetência.
Os Djurtus precisam mais do que apoio emocional. Precisam de reformas profundas, de liderança séria e de um plano a longo prazo. A Guiné-Bissau não pode continuar a viver de promessas e empates sofridos. Chegou a hora de escolher entre continuar no ciclo vicioso da desorganização ou lutar, com coragem e visão, por um futebol digno do orgulho do nosso povo.
Miguel Vicente Datchuplam
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