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A mostrar mensagens de maio, 2025

Quando a farda se confunde com o crime: O roubo de gado e a descredibilização das Forças Armadas na Guiné-Bissau

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Por Miguel Vicente Datchuplam Licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais Num país como a Guiné-Bissau, onde a fragilidade institucional e os desafios à boa governação já são por si complexos, a participação de militares em atos de criminalidade comum, como o roubo de gado, representa uma afronta grave ao Estado de Direito e à segurança das populações rurais. O roubo de gado, prática antiga e persistente no leste e norte do território nacional, tem gerado perdas avultadas para criadores e comunidades camponesas. No entanto, o que mais preocupa atualmente não é apenas o roubo em si, mas as reiteradas denúncias da implicação de elementos das forças armadas e da guarda nacional na coordenação, proteção e execução desses atos criminosos. Relatos oriundos de regiões como Gabu, Bafatá e Oio apontam para um padrão: homens armados, alguns identificados como militares em serviço ou fora dele, participam diretamente no furto de gado ou garantem a “segurança” da operação para que o g...

REFLEXOS E DESAFIOS: OS HOMENS DO MEU PAIS E A POLÍTICA

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Por Miguel Vicente Datchuplam Licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais  Há, na política da Guiné-Bissau, um espelho partido onde os homens se veem e não se reconhecem. Um reflexo distorcido dos heróis que juraram liberdade, mas cujas sombras, hoje, rondam os corredores do poder como espectros de uma independência inacabada. Desde os dias do sonho revolucionário, em que se gritava "terra a quem nela trabalha", os homens da política guineense foram se afastando do povo e se aproximando do privilégio. O Estado, concebido para ser um instrumento de justiça social, foi, pouco a pouco, transformado em propriedade privada — repartido como quem divide espólios de uma guerra vencida sem paz. E assim, os palácios tornaram-se fortalezas, e os gabinetes, trincheiras. Os discursos, repetições de promessas cansadas. E os partidos, clubes fechados onde o debate dá lugar à lealdade cega. Os homens, outrora camaradas de luta, tornaram-se senhores de feudos políticos, onde a id...

NUMA NAÇÃO DEMOCRÁTICA, A SOCIEDADE CIVIL TEM VOZ — MAS OS “POLÍTICOS ” QUEREM NOS CALAR

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Por: Miguel Vicente Datchuplam  Numa verdadeira nação democrática, a sociedade civil é o coração pulsante da participação cidadã. É através dela que o povo se organiza, reivindica direitos, fiscaliza o poder e propõe mudanças. A democracia não se resume ao ato de votar, mas se realiza plenamente quando cada cidadão pode se expressar, mobilizar e lutar por justiça social, transparência e dignidade. Contudo, em muitos contextos, os chamados “políticos” — aqueles que deveriam ser representantes do povo — esquecem sua missão. Uma vez no poder, agem como donos da vontade popular. Tentam silenciar críticas, ignorar reivindicações e deslegitimar movimentos sociais. Criam obstáculos, censuram vozes dissidentes e tratam a participação da sociedade civil como uma ameaça, e não como um pilar essencial da democracia. Essa tentativa de calar o povo é um ataque direto à liberdade e à construção de uma sociedade mais justa. Mas a história mostra que, mesmo diante da repressão e da tentativa de si...

OPINIÃO PUBLICA: A Falha da Democracia na Guiné-Bissau

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 A Falha da Democracia na Guiné-Bissau Por: Miguel Vicente Datchuplam  Licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais  A democracia, entendida como o poder exercido pelo povo, deveria ser a base de um Estado justo e estável. Na Guiné-Bissau, apesar da existência de uma Constituição, de eleições periódicas e de instituições republicanas, a prática democrática continua profundamente comprometida. A instabilidade política crônica, a corrupção generalizada e a fragilidade institucional demonstram que a democracia no país tem falhado em cumprir seu propósito fundamental: garantir o bem-estar e a soberania popular. Desde a independência, a Guiné-Bissau tem enfrentado sucessivos golpes de Estado, interferências militares e mudanças abruptas de governo. Esses eventos minam a confiança do povo nas instituições e interrompem qualquer tentativa consistente de desenvolvimento político e econômico. O poder, muitas vezes, é disputado entre elites políticas e militares, enquan...

MULHER, SEJA SEMPRE AFRICANA

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 Mulher, Continua a Ser Africana, como Fizeste no Dia da África Continua a erguer a cabeça com a mesma dignidade com que celebraste o dia da tua origem. Deixa que cada passo teu lembre o som do batuque que embalou os teus ancestrais. Usa o teu pano com orgulho, como quem veste história, como quem carrega reinos na pele. Mulher, continua a ser africana no falar firme, no olhar profundo, na força silenciosa que transforma o mundo. Não deixes que te apaguem, nem que te moldem. Tu és raiz, és flor, és fruto. És a que dança com os pés na terra e os olhos no futuro. No Dia da África, lembraste a tua origem. Mas nos outros dias, reafirma o teu lugar. Na sala de aula, no mercado, no lar — seja exemplo, seja voz, seja presença. Continua a ser africana quando amares, quando sonhares, quando lutares por justiça. Não esqueças que a tua beleza está no que te torna única — Na tua língua, na tua pele, no teu cabelo, na tua coragem. És filha de rainhas, irmã de guerreiras, mãe de gerações. És Áfri...

SEJA AFRICANO TODOS OS DIAS

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   Ser africano vai muito além de celebrar o Dia de África (25 de maio). Ser africano é um compromisso diário com as nossas raízes, culturas, valores e identidades. É reconhecer a beleza da diversidade dos nossos povos, a força da nossa história e a riqueza das nossas línguas, tradições e saberes. O Dia de África é um marco importante, sim. É o momento em que celebramos a libertação dos povos africanos do colonialismo e reafirmamos a luta pela unidade, paz e desenvolvimento do nosso continente. Mas não podemos limitar o orgulho africano a um só dia no calendário. Ser africano é falar com orgulho a nossa língua materna, valorizar os nossos produtos locais, respeitar os mais velhos e cuidar da nossa terra. É defender os nossos direitos, estudar a nossa história e trabalhar para um futuro melhor para todos. É também combater os preconceitos e construir uma África onde todos possam viver com dignidade. Por isso, sejamos africanos todos os dias. Com consciência, com amor e com açã...