Quando a farda se confunde com o crime: O roubo de gado e a descredibilização das Forças Armadas na Guiné-Bissau
Por Miguel Vicente Datchuplam Licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais Num país como a Guiné-Bissau, onde a fragilidade institucional e os desafios à boa governação já são por si complexos, a participação de militares em atos de criminalidade comum, como o roubo de gado, representa uma afronta grave ao Estado de Direito e à segurança das populações rurais. O roubo de gado, prática antiga e persistente no leste e norte do território nacional, tem gerado perdas avultadas para criadores e comunidades camponesas. No entanto, o que mais preocupa atualmente não é apenas o roubo em si, mas as reiteradas denúncias da implicação de elementos das forças armadas e da guarda nacional na coordenação, proteção e execução desses atos criminosos. Relatos oriundos de regiões como Gabu, Bafatá e Oio apontam para um padrão: homens armados, alguns identificados como militares em serviço ou fora dele, participam diretamente no furto de gado ou garantem a “segurança” da operação para que o g...