CRÓNICA – AMOR COM PREÇO: QUANDO O NAMORO É UM NEGÓCIO

Por Miguel Vicente Datchuplam Era uma vez o amor, mas agora é contrato. Hoje, namorar virou investimento. Há quem procure um parceiro como se escolhesse um banco: estabilidade, rendimento e status. Os sorrisos já não vêm do coração — vêm do bolso recheado. Os jantares românticos? Estratégia. As palavras doces? Cartas de negociação. Vivemos tempos em que o interesse se disfarça de afeto. Onde há mais "o que tens?" do que "quem és?". As redes sociais tornaram-se vitrines de um amor maquiado: viagens pagas, roupas de marca, selfies ensaiadas. Tudo para manter a ilusão. No fundo, é um namoro por conveniência. É querer a pessoa não pelo que ela é, mas pelo que ela pode oferecer. E quando a fonte seca — o amor evapora. Sem presentes, sem viagens, sem transferências bancárias, o coração que dizia "te amo" de repente não sente mais nada. Porque nunca sentiu. Porque nunca foi amor — foi contrato com data de validade. Nos becos das cidades, há corações partidos que...